quinta-feira, 24 de agosto de 2017

leituras íntimas - quando vieres ver um banzo cor de fogo

Em lugar de orelha
Por Tom Jones

Nina Rizzi não é uma poeta de fácil definição, aliás, nenhum deles é.  

Como a própria linguagem, os poetas não são de fácil domínio. Quando se acreditamos entendê-los, na verdade, estamos perdidos. Compreender um poeta é perder-se na imensidão da possibilidade. Nina é daquele tipo de artista que sempre te deixa querendo mais e que sempre te surpreende: é ácida, é doce, é bem humorada, é melancólica, é política e é romântica.

__ Tom, vou publicar meu próximo livro.
__**) Qual a proposta desse novo livro?
__ É o meu primeiro livro de amor... Nunca tinha escrito um livro de amor.
__ Para mim tudo o que você escreve é meu amor.

Esta orelha, propositalmente consciente de ser orelha, quer ouvir cada signo, cada verso, cada estrofe, cada poema para senti-lo. Não é orelha de um livro, é minha orelha a ouvir a poeta.

 Invejo m.

m. é daquelas musas sortudas para quem se escreve coisas lindas, coisas ímpares, coisas obsenas. Sim, obsenas, pois o amor também deve ser obseno, e assim, delicioso. Por outro lado, m. não tem sorte de ser uma fantasma, pois é etérea demais para sentir, para experimentar tal delícia, a delícia de Nina, o amor de Nina que ama na poesia.

O amor em Nina Rizzi é Ellênico.
Um amor que não pode haver no silêncio,
Nem na doçura,
pois não é doce,
tampouco amargo,
mas agreste.

__ Nina, cuide do seu coração!
__ Ainn! Agora só quero escrever pra você! Seus poemas são mais lindos, são melhores.
__ Você me emociona assim. Prefiro o banzo, um banzo cor de fogo. Fico pensando no leitor do banzo. O que acontece quando for vê-lo? Queima-se. Não o vê apenas. Pois ao vê-lo não é mais o mesmo. Quando vieres ver um banzo cor de fogo arde nos olhos, no coração, na alma. E assim, arrebata, é um livro de Nina Rizzi. Espere amor, mas não singeleza. Espere um amor tatuagem , bonito, mas dolorido. Não há contentamento. É inquieto. Nina quer a sorte de um amor intranquilo. Assim também seus leitores

... querem amar. Mas querem doer.

Querem ser m.
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